Artrite reumatoide: Sintomas, Diagnóstico e Tratamento
A artrite reumatoide é uma doença cuja principal característica é a inflamação persistente das articulações, também chamadas de juntas. Entenda melhor.
O que é a artrite reumatoide?
A artrite reumatoide é uma doença cuja principal característica é a inflamação persistente das articulações, também chamadas de juntas. Caso não seja tratada de forma adequada, a inflamação pode levar à destruição das articulações e, assim, ocasionar deformidades e limitações sérias no paciente. As articulações mais afetadas costumam ser as das mãos, dos pulsos, dos pés, dos tornozelos, dos joelhos, dos ombros e dos cotovelos.1
Além de inflamatória, a artrite reumatoide é uma doença autoimune. Isso significa que o sistema imunológico da pessoa afetada passa a, em vez de defender o próprio corpo de infecções de vírus e bactérias, atacar o próprio organismo. No caso da artrite reumatoide, a parte atacada é o tecido que envolve as articulações, a sinóvia.1
A artrite reumatoide é uma doença crônica e exige do paciente um tratamento por toda a vida. Estima-se que 18 milhões de pessoas ao redor do mundo possuem a condição, sendo 70% delas mulheres. Mais da metade dos casos (55%) ocorrem em pessoas acima de 55 anos.1,2
Causas e prevenção
A artrite reumatoide é uma doença complexa que é influenciada por fatores genéticos e ambientais, além da autoimunidade. A tendência genética é tida como a mais importante, já que a condição é mais comum entre pessoas da mesma família.1,3
Acredita-se que alguns genes influenciam o aparecimento da artrite reumatoide. Ainda assim, a presença desses genes não é algo determinante. A doença acomete muitas pessoas que não possuem tais genes. E muitas pessoas que possuem os genes não desenvolvem a doença.1
Quanto aos fatores ambientais, sabe-se que o hábito de fumar e a exposição a poluentes do tipo sílica aumentam o risco de desenvolver a doença. Fatores hormonais também estão relacionados com a condição. Isso explica por que a doença ocorre mais em mulheres.1
Ainda que a artrite reumatoide dependa de muitos fatores, há algumas estratégias capazes de prevenir e controlar a progressão da doença. Uma delas é a redução da exposição à sílica inalada, bem como à poeira. Outra recomendação é levar uma vida saudável, com práticas de exercícios, boa higiene do sono e bons hábitos alimentares, além, é claro, de evitar o cigarro.1,2
Sintomas
A doença pode iniciar com apenas uma ou poucas articulações inchadas, quentes e dolorosas. O inchaço costuma ser acompanhado de rigidez para movimentar as juntas, principalmente pela manhã. A rigidez pode durar horas até melhorar.1
A fadiga também é uma manifestação frequente no início da doença. O quadro clínico mais comum é caracterizado por artrite nos dois lados do corpo, sobretudo nas mãos, nos punhos e pés, com evolução para articulações maiores como cotovelos, ombros, tornozelos, joelhos e quadris. As mãos são afetadas em praticamente todos os pacientes. A evolução é progressiva e, sem o tratamento adequado, o paciente pode sofrer deformidades decorrentes do afrouxamento ou da ruptura dos tendões e das erosões articulares.1
O agravamento da artrite reumatoide pode levar a alterações em todas as estruturas articulares, tais como ossos, cartilagens, cápsula articular, tendões, ligamentos e músculos. A doença também pode, nos piores prognósticos, ter manifestações que atingem outras áreas do corpo, a exemplo de inflamação de vasos, olhos, pulmões, coração e sistema nervoso. Para evitar que a doença evolua é essencial iniciar o tratamento assim que os sintomas aparecem.1
Impacto da Artrite Reumatoide além das articulações
A inflamação contínua pode evoluir para deformidades que limitam o paciente prejudicando a prática de atividades cotidianas. Em alguns casos, a artrite reumatoide pode atingir outros órgãos, como é o caso do coração, olhos, pulmões e sistema nervoso periférico (” nervos”).
Diagnóstico
O diagnóstico da artrite reumatoide se baseia no histórico clínico do paciente e no exame físico feito pelo médico. Exames complementares de sangue ou de imagem podem ser úteis, como as provas que medem a atividade inflamatória, o fator reumatoide e o anticorpo antipeptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP).1
O médico também pode pedir radiografias das articulações acometidas e, em caso de dúvida, ultrassonografia ou ressonância das juntas. Dependendo do caso, o médico pode solicitar mais exames para afastar a possibilidade de outras doenças com sintomas similares.1
Foi diagnosticado com Artrite Reumatoide? Confira 7 dicas
Ser diagnosticado com uma doença reumática não é fácil. É comum que muitos pacientes sintam ansiedade ao saber que vivem com uma condição crônica, dolorosa e sem cura. Além das preocupações, muitas dúvidas podem surgir. O que precisarei mudar na rotina? Como será minha vida? E o tratamento? Embora não sejam perguntas de respostas simples, todas elas podem ser esclarecidas por um profissional treinado para isso: o reumatologista.
Tratamento
Embora não possua cura, a artrite reumatoide pode ter seus malefícios reduzidos. Se a doença for tratada cedo e da maneira correta, aumentam as chances de atenuação dos sintomas e até mesmo de remissão — quando há normalização dos exames de laboratório e desaparecimento da dor e do inchaço das juntas. O objetivo ideal e possível do tratamento é o de controlar totalmente a doença, bem como suas consequências como as deformidades articulares.1
É importante para um paciente de artrite reumatoide saber da necessidade de um tratamento contínuo. É por meio do acompanhamento próximo que o reumatologista indicará a melhor abordagem do tratamento: controlando a atividade da doença, verificando o melhor modo de ação, diminuindo ou aumentando as dosagens, prevenindo ou tratando o acometimento de outros órgãos e indicando a terapia complementar mais indicada para cada caso.1
Os medicamentos são fundamentais no tratamento. Eles são da classe dos imunosupressores e regulam a autoimunidade exagerada dos pacientes. São seguros para uso a longo prazo. A atuação deles diminui a inflamação e suas consequências para as juntas e outros órgãos.1
Ainda que sejam muito eficazes, os medicamentos podem demorar semanas ou meses para atuar na atividade da doença. O paciente pode precisar de uma dessas medicações ou uma combinação delas para controlar a artrite reumatoide. Os possíveis efeitos colaterais devem ser prevenidos ou controlados durante as consultas.1
Em alguns casos, é possível diminuir ou até suspender os medicamentos. Mesmo que isso ocorra depois de uma análise cuidadosa do reumatologista, o paciente deverá continuar o acompanhamento para passar por reavaliações clínicas e exames complementares e regulares que possam detectar possíveis recaídas da doença.1
Pesquisas sugerem que os melhores resultados ocorrem quando o tratamento é iniciado com o limite de 3 a 6 meses após o início dos sintomas. Mas tratando em qualquer momento, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, o paciente consegue uma melhora significativa na inflamação e na qualidade de vida.1,5,6
A importância do tratamento contínuo no caso de uma Doença Reumática
Você já deve ter lido ou ouvido que as doenças reumáticas são crônicas e não possuem cura. Tudo isso é verdade. Mas não existir cura não implica, necessariamente, em uma má qualidade de vida. Se as doenças reumáticas forem tratadas cedo e da maneira correta, aumentam as chances de atenuação dos sintomas e até mesmo de remissão — quando há normalização dos exames de laboratório e desaparecimento da dor e do inchaço das juntas.
Qual o médico especialista?
O reumatologista é o principal profissional de saúde na avaliação e no tratamento dos pacientes com artrite reumatoide. Além de ser o especialista mais familiarizado com a identificação da doença, com as drogas atualmente disponíveis e seus efeitos adversos, ele está apto para indicar as terapias e as atividades adequadas para cada caso.1
O reumatologista também pode recomendar um tratamento em conjunto com outros profissionais de saúde capazes de ajudar o paciente a lidar com as mudanças de hábitos exigidas pela doença. Sabe-se que a psicoterapia, por exemplo, traz benefícios para quem tem uma doença reumática como a artrite reumatoide.1,4
Por ser uma doença autoimune inflamatória crônica, a artrite reumatoide precisa de tratamento contínuo até o fim da vida. Isso significa que, mesmo quando os sintomas estiverem controlados, o paciente deve continuar a se consultar com o reumatologista para que ele realize o acompanhamento e avalie com exames o estado da doença. Os sintomas da artrite reumatoide podem voltar mesmo depois de um longo tempo sem se manifestar.1
Vivendo com a doença
A artrite reumatoide pode exigir uma série de adaptações nos hábitos do paciente. A inflamação persistente das articulações pode limitar algumas tarefas de lazer e trabalho.1
Em casos de inflamação aguda, a limitação é temporária e reversível. Mas se a inflamação não for tratada da maneira adequada, ela pode evoluir para uma lesão permanente da articulação. Isso acarreta no surgimento de deformidades articulares, que podem limitar até mesmo a realização de atividades de cuidado pessoal como escovar os dentes e se alimentar. Caso não seja cuidada, essas limitações podem se instalar de forma irreversível.1
Os exercícios físicos podem e devem ser feitos. Além de manter a saúde cardiovascular em dia, as atividades esportivas também ajudam a manter o fortalecimento da musculatura que dá sustentação às articulações. As atividades não devem ser exaustivas. Os impactos também devem ser evitados.1
O reumatologista pode indicar, em conjunto com fisioterapeutas e educadores físicos, um programa de exercícios adequado para a situação de cada paciente. Em períodos de atividade de doença, quando podem surgir dores, é recomendado que o paciente descanse.1
Embora não precise de restrições alimentares, os reumatologistas recomendam uma dieta equilibrada e rica em cálcio, com leites e derivados, devido ao maior risco de osteoporose que os pacientes com a artrite reumatoide têm.1
Estudos sugerem também que uma boa rotina de sono, o manejo do stress e o apoio psicológico de familiares e profissionais trazem muitos benefícios para o tratamento.1,4,8,9
Artrite reumatoide e a prática esportiva
A prática de atividades físicas traz diversos benefícios para seus praticantes. Mas será que também é indicada para pacientes com artrite reumatoide? A dor, rigidez, fadiga e o medo de ter uma piora no quadro podem fazer com que o paciente evite o exercício.
Porém, um programa de atividades personalizadas, de acordo com a realidade do paciente, é extremamente importante para controlar os sintomas da doença e garantir uma melhor qualidade de vida.
Referência
- Sociedade Brasileira de Reumatologia. Cartilha de orientação para artrite reumatóide. São. Paulo, Comissão de Artrite Reumatoide, 2011. Disponível em https://www.reumatologia.org.br/cartilhas/ Acesso em 04/05/2023
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PP-UNP-BRA-5184