A importância do tratamento contínuo no caso de uma Doença Reumática
Saiba por que cuidar de sua enfermidade deve ser um compromisso para a vida toda
Você já deve ter lido ou ouvido que as doenças reumáticas são crônicas e não possuem cura. Tudo isso é verdade. Mas não existir cura não implica, necessariamente, em uma má qualidade de vida. Se as doenças reumáticas forem tratadas cedo e da maneira correta, aumentam as chances de atenuação dos sintomas e até mesmo de remissão — quando há normalização dos exames de laboratório e desaparecimento da dor e do inchaço das juntas.
O mais importante para um paciente de uma doença reumática é saber da necessidade de um tratamento contínuo. As consultas a um médico reumatologista devem ser frequentes até o fim da vida, mesmo quando seu quadro parece estável e livre das dores. É por meio do acompanhamento próximo do paciente que o profissional de saúde indicará a melhor abordagem do tratamento: verificando o melhor modo de ação, diminuindo ou aumentando as dosagens e indicando a terapia complementar mais indicada para cada caso.
A importância dos medicamentos adequados
Algumas das doenças reumáticas mais comuns — como a artrite reumatoide, a mais frequente no Brasil e no mundo, o lúpus e a esclerodermia — são autoimunes. Este é o nome que se dá quando o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente os tecidos saudáveis do organismo. Para tratar de doenças assim, o paciente deve fazer uso dos medicamentos imunossupressores. Eles regulam a autoimunidade exagerada e, assim, diminuem a inflamação e suas consequências para as juntas e para os órgãos. A redução da inflamação costuma trazer uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.
Estudos mostram que, no caso da artrite reumatoide, quanto antes os medicamentos forem iniciados, melhor e maior será a resposta do paciente. Ainda assim, o início de ação deles pode ser lento, demorando de semanas a meses para ter melhor atuação na atividade da doença. Com base nos exames e nas consultas frequentes, o médico reumatologista pode indicar um dos medicamentos imunossupressores ou uma combinação deles.
Quanto aos possíveis efeitos colaterais, todos devem ser observados de perto pelo médico durante as consultas. Em alguns casos em que a doença estiver controlada, é possível diminuir ou até suspender os medicamentos. Mesmo assim, vale reforçar: a recomendação é que o paciente continue a marcar consultas com o médico reumatologista para realizar avaliações clínicas e exames complementares. Só assim ele conseguirá ter detectadas possíveis recaídas da doença. Como já dissemos, as doenças crônicas não possuem cura. Isso significa que os sintomas podem voltar a qualquer momento após a remissão.
As consequências de um tratamento descontinuado
É consenso entre os médicos que quanto antes o tratamento para doença reumática se inicia, maiores são as chances do paciente apresentar uma remissão dos sintomas. Caso o paciente demore a procurar ajuda e não siga os procedimentos indicados pelos especialistas, aumenta o risco do quadro evoluir para uma lesão permanente da articulação e para deformidades articulares. Em casos assim, o paciente sofre com incapacidades físicas para realizar tarefas simples e atividades de lazer.
De acordo com o Ministério da Previdência Social, as doenças reumáticas são a segunda maior causa de pedido de licença no trabalho. E de todas as aposentadorias prematuras, 13% delas têm como causa uma doença reumática.
Somente um tratamento continuado evita que o paciente possa ter sequelas graves. O acompanhamento médico também é frequente para serem verificadas as possíveis presenças de comorbidades. Algumas enfermidades comuns que podem surgir a partir das doenças reumáticas são: hipertensão, dislipidemia, depressão, diabetes mellitus e doenças do coração.
Que outros profissionais de saúde precisam ser visitados frequentemente?
Como dito acima, as doenças reumáticas podem afetar outras áreas do corpo. Por isso é fundamental que o médico reumatologista recomende um tratamento em conjunto com outros profissionais. Alguns dos mais frequentes são fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos. Eles podem ajudar os pacientes a lidarem com alguns sintomas ruins decorrentes da doença reumática.
E quanto às terapias alternativas?
Não há evidências científicas que terapias alternativas como acupuntura, dietas, massagens e meditação, entre outras, tragam benefícios aos pacientes. Ainda assim, caso o paciente queira experimentar algum tratamento alternativo, deve, antes, informar ao médico reumatologista para que ele possa informar se a prática possui algum risco de dano.
É importante ressaltar que não se deve parar de frequentar as consultas ao reumatologista, tampouco deixar de tomar a medicação por conta própria. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, práticas como "auto-hemoterapia", "vacina para brucelose" e "lavagem intestinal" não só não funcionam como podem trazer danos à saúde.
Referências
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PP-UNP-BRA-2054