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As doenças hereditárias são condições de saúde transmitidas de geração em geração por meio do material genético. Essas doenças podem afetar qualquer sistema do corpo humano e variar em gravidade, desde distúrbios leves até condições graves e debilitantes. 

Entender como essas doenças se manifestam e a importância do aconselhamento genético é crucial para quem tem histórico familiar dessas condições. Explore tudo sobre doenças hereditárias: causas, exemplos comuns, diagnóstico e tratamentos. Aprenda como identificar e gerenciar essas condições genéticas.

 

O que são doenças hereditárias? 

Doenças hereditárias são condições genéticas que prejudicam o funcionamento adequado do organismo. Possuem caráter familiar, sendo herdadas entre gerações. Podem se manifestar já no nascimento ou durante a gestação (são as congênitas) ou se manifestar mais tardiamente.¹,⁴

Qual a diferença de genético e hereditário? 

As doenças genéticas resultam de erros no material genético, que podem ocorrer de forma espontânea ou induzida pela exposição a fatores mutagênicos. Esses últimos incluem aspectos ambientais e de estilo de vida.⁴

O câncer de estômago é um exemplo de como esses fatores conseguem influenciar o aparecimento de doenças genéticas. Embora o câncer de estômago possa apresentar componentes hereditários, fatores como uma dieta inadequada e a exposição a substâncias tóxicas podem ser decisivos para o desenvolvimento e a gravidade desse tipo de câncer.⁶

Dessa forma, uma doença genética não precisa necessariamente ter sido herdada para se manifestar. Além disso, a alteração genética adquirida não implica na transmissão da mesma para as próximas gerações.⁴

 

Quais são as causas das doenças hereditárias?

As doenças hereditárias são originadas por mutações no material genético. Nem sempre as mutações trazem prejuízos para a saúde, pois, na história, muitas delas foram úteis para a adaptação e sobrevivência da espécie humana.¹,⁴ 

As causas das doenças hereditárias podem ser classificadas da seguinte forma: 

● autossômicas dominantes: a doença se manifesta a partir de uma única cópia do gene mutado, podendo ser do pai ou da mãe⁴ ;

● autossômicas recessivas: necessário duas cópias do gene mutado, uma de cada genitor⁴;

● herança ligada ao cromossomo X: tipo de herança ligada ao sexo biológico, sendo mais comuns entre homens do que em mulheres.⁴

 

Doenças hereditárias mais comuns 

Confira abaixo as doenças hereditárias mais comuns:

 

Obesidade

A obesidade é uma doença multifatorial, envolvendo aspectos genéticos, metabólicos e comportamentais. Os genes relacionados à obesidade influenciam diversos aspectos do organismo. Algumas das mutações identificadas incluem⁵ :

● leptina e grelina: a obesidade pode provocar a desregulação de hormônios essenciais para o controle da fome (grelina) e da saciedade (leptina) ⁵; 

● PPARγ: a doença provoca um desajuste no fator regulador da adipogênese, processo responsável pela produção e armazenamento de células de gordura no corpo. ⁵ Estudos sugerem que a probabilidade de herdar genes da obesidade é de até 30 a 75% entre as gerações. Esses fatores genéticos combinados com influências ambientais e comportamentais tornam a obesidade uma condição complexa de ser tratada, exigindo cuidado multiprofissional e humanizado.

 

Câncer 

As mutações hereditárias do câncer geralmente são do tipo autossômica dominante. Possuem elevada taxa de penetrância, implicando em uma chance de 50% de transmitir a mutação para a próxima geração.⁶ 

A investigação da hereditariedade do câncer inclui⁶:

● idade precoce ao desenvolvimento e diagnóstico da doença; 

● presença de mais de uma neoplasia no mesmo indivíduo; 

● gerações anteriores afetadas. O câncer de mama é um exemplo de hereditariedade de mutações responsáveis pelo câncer, envolvendo alterações nos genes BRCA1 e BRAC2.⁶

 

Anemia falciforme 

A anemia falciforme é uma doença hereditária autossômica recessiva, sendo uma das mais comuns em todo o mundo. Indivíduos que possuem apenas um gene com a mutação são identificados como “portadores do traço falciforme”, não manifestando a doença.²,³ 

Pessoas com traço falciforme têm um risco menor de desenvolver as formas graves da malária, pois a deformação das hemácias impede o crescimento normal do agente causador da malária, o protozoário do gênero Plasmodium, já que esse infecta e se desenvolve dentro das hemácias¹¹.

 

Síndrome de Down 

A síndrome de Down é resultante de uma mutação durante a formação do embrião, originando uma cópia do cromossomo 21. ¹⁰ Além dos aspectos genéticos, as manifestações clínicas dessa condição congênita variam de acordo com fatores ambientais, como a idade avançada dos pais, que aumenta o risco de erros na divisão celular durante a formação dos gametas.¹⁰

 

Hemofilia A 

A hemofilia A é uma herança ligada ao cromossomo X, sendo considerada o tipo mais comum de hemofilia. Essa doença afeta uma proteína denominada de fator VIII de coagulação do sangue.⁷

 

Doença de Huntington 

A doença de Huntington (DH), também conhecida como “Coreia de Huntington”, é causada por uma mutação autossômica dominante. É uma doença neurodegenerativa cuja manifestação dos sintomas ocorre na idade adulta.⁸

 

Como é feito o diagnóstico de doenças hereditárias? 

O diagnóstico de doenças hereditárias envolve métodos e exames específicos: 

● análise do histórico familiar: auxilia na identificação de risco e de planos de enfrentamento da doença, como a redução do contato com fatores de risco. Realizada a partir da coleta de informações de pelo menos três gerações;

● teste genético: método não invasivo que utiliza uma amostra, como sangue ou saliva, para identificar mutações nos genes;

 ● coping comunal: abordagem que valoriza os aprendizados de situações de enfrentamento das decorrências das doenças hereditárias para beneficiar o coletivo familiar.¹

 

Como é o tratamento de doenças hereditárias? 

O tratamento das doenças hereditárias variam de acordo com a especificidade de cada condição. Dentre as formas de tratamento, destaca-se a terapia genética.⁹

Terapia genética

A terapia genética envolve diversas metodologias que buscam corrigir as mutações genéticas ou a inserção de genes terapêuticos. Confira: 

● CRISPR-Cas9: a enzima Cas9 atua na correção de mutações prejudiciais e na inserção de genes terapêuticos. Essa técnica possibilita a edição de vários alvos de forma simultânea, sendo eficaz para doenças multifatoriais⁹ ; 

● CART-CELLS: otimiza componentes do sistema imunológico para reconhecer e combater de forma efetiva células cancerígenas⁹; 

● edição genética de células-tronco: essa técnica de edição envolve a modificação de células-tronco, as tornando isentas de mutações genéticas específicas e possibilitando a produção de células saudáveis⁹; 

● base editing: editam e substituem pequenas áreas do DNA precisamente⁹; 

● prime editing: técnica com maior abrangência permitindo configurar sequências inteiras de DNA.⁹

 

Questões éticas 

Embora os avanços em terapia genética sejam promissores, eles envolvem questões éticas complexas, como a modificação genética em embriões e a proteção da privacidade dos dados genéticos.⁹ 

As doenças hereditárias podem impactar a qualidade de vida do indivíduo ou da família. O avanço da ciência e tecnologia têm um papel fundamental na compreensão, prevenção e tratamento delas.

Referências Bibliográficas

1. COIMBRA, Leandro. Educação, envelhecimento e a velhice no Brasil. Revista Kairós
Gerontologia, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 25-40, 2013. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/kairos/article/view/12800&gt;. Acesso em: 21 ago. 2024.

2. JESUS, J.Doença falciforme no Brasil. Gaz. méd. Bahia 2010;80:3(Ago-Out):8-9.
Disponível em: <http://gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/view/1102/1058&gt;.
Acesso em: 21 ago. 2024.

3. ARAÚJO, P. O autocuidado na doença falciforme. Rev. bras. hematol. hemoter.
2007;29(3):239-246. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbhh/a/kmqVY4SmkC6cryFkdfsSMZc/&gt;. Acesso em: 21 ago.
2024.

4. NAHAS, T; BALLARIN, P. Como as doenças genéticas são transmitidas.Centro de
estudos do genoma humano e células-tronco. Disponível
em:<https://genoma.ib.usp.br/files/upload/45/4a.pdf&gt;. Acesso em: 21 ago. 2024.

5. COSTA, M; FONTES, S; RODRIGUES, G. Predisposição genética como fator
determinante para a ocorrência da obesidade infantil. Revista Liberum Accesum,
Bahia, v. 2, n. 1, p. 50-60, 2019. Disponível em:<
http://revista.liberumaccesum.com.br/index.php/RLA/article/view/59/58&gt;. Acesso em:
21 ago. 2024.

6. DANTAS, É et al. Genética do câncer hereditário. Revista Brasileira de Cancerologia,
Rio de Janeiro, v. 66, n. 3, p. 201-209, 2020. Disponível
em:<https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/1619/963&gt; . Acesso em: 21
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7. CAIO, V et al. Genética comunitária e hemofilia em uma população brasileira. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, 17(3):595-605, mai-jun, 2001 . Disponível em:
<https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/me…
s/csp/v17n3/4642.pdf>.Acesso em: 21 ago. 2024.

8. GONÇALVES, N. Doença de Huntington: aspectos genéticos e sociais. Dissertação
(Mestrado) - Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2021. Disponível em:
<https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/1410/1/Disserta%c3%a7%c3%a3…
untington%20Nuno%20Gon%c3%a7alves.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2024.

9. SOUZA,C et al. Avanços na terapia genética para tratamento de doenças
hereditárias. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação.
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10. MOREIRA, L; CHARBEL, EH, GUSMÃO, F. A síndrome de Down e sua patogênese:
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Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbp/a/XTSyqsLMHs56f4LmdznG4Vk/?format=pdf&lang=…
>Acesso em: 21 ago. 2024

11. Torres FR, Bonini-Domingues CR. Hemoglobinas humanas: hipótese malária ou efeito materno? Rev Bras Hematol Hemoter 27(1), 2005 Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-84842005000100013. Acesso em 23 out. 2024

PP-UNP-BRA-5709 -  Outubro 2024.