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Como saber se a estatura do meu filho está dentro do esperado? Quando devo me preocupar? As respostas para essas perguntas nem sempre são exatas. Todo indivíduo nasce com um potencial genético de crescimento, que poderá ou não ser atingido, dependendo das condições de vida a que esteja submetido.1 

O crescimento sofre influências de fatores intrínsecos, que nascem conosco, como os genéticos, e fatores externos, como a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança. Por isso, para saber se a estatura de uma criança evolui dentro do esperado, o acompanhamento periódico do crescimento na primeira infância (período do zero a 6 anos, equivalente a 72 meses) é decisiva.2 

Crianças com altura abaixo do percentil 3 – ou abaixo do Z-score -2 – nos gráficos da OMS, que estão disponíveis na Caderneta da Criança, se encaixam no que se entende por baixa estatura.3 E algumas doenças podem interferir no crescimento saudável dos pequenos. Vale dizer que 90% das causas de baixa estatura são de origem pediátrica e 10% de causas endócrinas, mostrando a importância da avaliação no diagnóstico.4 Saiba aqui quais doenças podem afetar no crescimento saudável das crianças: 

Fatores genéticos

O potencial genético é determinante para a altura das crianças na vida adulta: 80% da estatura, por exemplo, depende de fatores genéticos.5 E algumas patologias genéticas têm como sintoma a baixa estatura. Entre elas, estão:

  • Síndrome de Turner:  causada pela ausência completa ou parcial do cromossomo X, é caracterizada pela falência ovariana prematura, malformações congênitas (principalmente renais e cardíacas), e a estatura extremamente baixa é uma das suas características mais prevalentes.6 
  • Síndrome de Prader-Willi: patologia de origem genética localizada no cromossomo 15, afeta meninos e meninas em um complexo quadro de sintomas como hiperfagia (constante sensação de fome), hipotonia, atraso nas fases típicas do desenvolvimento psicomotor, dificuldades de aprendizagem e fala, alterações hormonais e baixa estatura.7
  • Síndrome de Silver-Russel: condição genética rara, caracterizada por crescimento intrauterino restrito, além de dificuldade de recuperação pós-natal.8 

Doenças crônicas

No Brasil, dados do IBGE mostram que entre 9% e 11% das crianças e adolescentes são portadoras de uma doença crônica.9 E algumas dessas patologias podem interferir no crescimento infantil, entre elas: 

  • Asma: a doença crônica que ataca os brônquios pode ter efeitos no desenvolvimento das crianças. Estudos comprovam que portadores de asma apresentam maiores índices de obesidade e baixa estatura do que crianças saudáveis.10
  • Fibrose cística: doença rara que afeta pulmões e mucosa intestinal tem relação com uma má absorção crônica, podendo causar infecções recorrentes e ingestão nutricional insuficiente, que levam a um quadro de desnutrição com déficit de crescimento na infância.11,12
  • Cardiopatias congênitas: no momento do nascimento, crianças com cardiopatias congênitas costumam ter peso e estatura normais para a sua idade gestacional. O ganho de peso nos primeiros meses de vida, no entanto, não costuma ser o esperado. Com a deterioração do estado nutricional dessas crianças, há prejuízo na estatura e na velocidade do desenvolvimento psicomotor.13
  • Diabetes: estudos mostram que crianças com diabetes mellitus diagnosticada antes da puberdade crescem menos que aquelas com diagnóstico após a puberdade, pois nesta fase o crescimento sofre uma atuação importante do Hormônio de Crescimento (GH). A deficiência insulínica leva a uma redução importante no ganho estatural.14

Desnutrição

Os registros de desnutrição diminuíram no Brasil. Mas isso não quer dizer que o quadro deixou de ser preocupante. A taxa de casos graves, a nível hospitalar, gira em torno de 20% no país, número ainda muito acima dos níveis recomendados pela OMS, abaixo de 5%.15 

Do ponto de vista médico, a desnutrição é uma condição clínica decorrente de uma deficiência, ou excesso, de um ou mais nutrientes essenciais. E ela pode ser causada por ingestão insuficiente de alimentos ou por má alimentação ao consumir produtos não saudáveis.16

Para além do risco de óbito, a desnutrição infantil leva a uma série de alterações no funcionamento do organismo e está atrelada diretamente a problemas de crescimento como:16

  • perda muscular com consequente debilidade física
  • deficiência imunológica
  • desaceleração, interrupção ou involução do crescimento
  • alterações psíquicas e psicológicas

Anemia

Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal, a anemia é resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais. 17

Podem ser causadas por deficiência de vários nutrientes como ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas, mas 90% das anemias costumam ser causadas por deficiência de ferro (anemia ferropriva), com prejuízo para o crescimento infantil com:17 

  • diminuição da capacidade de aprendizado
  • retardamento do crescimento
  • apatia (morbidez)
  • perda significativa de habilidade cognitiva,

Doenças gastrointestinais 

Quando uma criança tem qualquer problema de desenvolvimento, com perda de peso e retardo de crescimento, a associação mais comum é a da falta de algum nutriente, a má alimentação ou até mesmo a ausência de alimento. No entanto, as chamadas doenças gastrointestinais disabsortivas, relacionadas à má absorção, podem levar a um atraso no crescimento.18

Pais e cuidadores precisam estar atentos aos níveis esperados de crescimento infantil porque as doenças inflamatórias disabsortivas têm causado problemas de baixa estatura em crianças muito antes de apresentar qualquer tipo de manifestação gastrointestinal. Entre elas, estão:18 

  • doença de Crohn
  • intolerância à lactose
  • doença celíaca (DC)
  • fibrose cística
  • doença inflamatória intestinal 
  • síndrome de má absorção.

Acompanhamento sistemático

A avaliação periódica do ganho de peso permite o acompanhamento do progresso individual de cada criança, sinalizando de forma precoce a maior parte dos problemas de saúde infantil.1

Por isso, os responsáveis pela criança não devem levá-la ao pediatra somente em ocasiões de doença. É importante seguir as indicações de frequência para as consultas como forma de prevenção de problemas de saúde. As consultas servem para esclarecer dúvidas, orientar sobre a rotina da criança e as melhores formas de cuidado, com recomendações de vacinas e exames necessários, além do encaminhamento – se necessário – para outros especialistas.19 

Em caso de dúvida, sempre consulte a Caderneta da Criança desenvolvida pelo Ministério da Saúde. E não esqueça de levá-la para as consultas com o pediatra .

Referências Bibliográficas

1 - Ministério da Saúde. Cadernos de atenção básica no 11. Brasília-DF, 2002. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/crescimento_desenvolvimento…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

2 - Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde - Orientações para Implementação. Brasília - DF, 2018. Disponível em <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2018/07/…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

3 - Ministério da Saúde. Orientações para a Coleta e Análise de Dados Antropométricos em Serviço de Saúde. Brasília - DF, 2011. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_d…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

4 - Hoineff, Claudio. Revista de Pediatria SOPERJ. "Baixa Estatura. Rio de Janeiro -RJ, agosto 2011. Disponível em <http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=560&gt; Acesso em:  02 de setembro de 2023 

5 - Sociedade Brasileira de Pediatria - Departamento Científico de Endocrinologia. Disponível em 

<https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/desenvolviment…; Acesso em:  02 de setembro de 2023

6 - Sociedade de Pediatria de São Paulo. Documento científico: SÍNDROME DE TURNER E TRATAMENTO COM HORMÔNIO DE CRESCIMENTO RECOMBINANTE HUMANO (rhGH). Texto divulgado em  24/09/2021. Disponível em <https://www.spsp.org.br/PDF/SPSP-DC%20End%C3%B3crino-rhGH-Sd%20Turner-2…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

7 - Fiocruz. Síndrome de Prader Willi. Disponível em <https://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sindrome-prader-willi…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

8 - Residência Pediátrica - A Revista do Pediatra. SINDROME DE SILVER-RUSSELL: RELATO DE CASO. Abril/junho/2022 Disponível em <https://residenciapediatrica.com.br/detalhes/1125/sindrome%20de%20silve…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

9 - Faculdade de Ciências Médicas - Unicamp. "Desafios no cuidado de crianças e adolescentes com doenças crônicas". Outubro, 2019. Disponível em <https://www.fcm.unicamp.br/boletimfcm/mais-pesquisa/desafios-no-cuidado…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

10 - Coorte - Revista Científica. ASMA: EFEITOS ORGÂNICOS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL. No 14, 2022. Disponível em <http://www.revistacoorte.com.br/index.php/coorte/article/view/253&gt; Acesso em: 02 de setembro de 2023

11 - Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde. Fibrose cística é genética e mais comum na infância. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/fibrose-cistica-e-genetica-e-mais-comum-na-i…;. Acesso em 16 de novembro de 2023.

12 - Damasceno, B. C., Pires, A. C. Silva, A. J. B. Ferreira, F. M., Tosta, I. R., & Barp, M. (2022). Fibrose cística e crescimento infantil: revisão integrativa da literatura / Cystic fibrosis and child growth: an integrative literature review. Brazilian Journal of Health Review, 5(1), 3717–3720. https://doi.org/10.34119/bjhrv5n1-319

13 - 57o Congresso Brasileiro de Enfermagem. Crescimento e Desenvolvimento: Crianças com Cardiopatias Congênitas. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/57cbe/resumos/239.htm&gt; Acesso em: 02 de setembro de 2023

14 - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Crianças com DM podem crescer menos. 10 de novembro de 2006. Disponível em <https://www.endocrino.org.br/criancas-com-dm-podem-crescer-menos/#:~:te…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

15 - Ministério da Saúde. Manual de Atendimento da Criança com Desnutrição Grave em Nível Hospitalar. Brasília - DF 2005. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_desnutricao_criancas…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

16 - Nexo Jornal. Desnutrição infantil: um problema para a vida toda. Disponível em <https://www.nexojornal.com.br/explicado/2022/02/02/Desnutri%C3%A7%C3%A3…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

17 - Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. "Anemia". Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/anemia/&gt; Acesso em: 02 de setembro de 2023

18 - Silva Borges, N. C., Nascimento de Almeida, A. L. Centro Universitário de Brasília – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde: Curso de Nutrição. Síndromes da Má Absorção Intestinal Associadas à Fibrose Cística e Doença Celíaca e a sua Relação com o Défcit Estatural em Crianças . Brasília, 2021. Disponível em <https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/prefix/15814/1/21800043%…; Acesso em: 02 de setembro de 2023

19 - Sociedade Brasileira de Pediatria. “Com que frequência devo ir ao pediatra?” Disponível em 

<https://www.sbp.com.br/filiada/goias/noticias/noticia/nid/com-que-frequ…; Acesso em: 26 de setembro de 2023

PP-UNP-BRA-3407 - Agosto/2024