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  • O que é o bebê pequeno para idade gestacional?

Também conhecido pela sigla PIG, o pequeno para idade gestacional é o nome dado para os bebês que possuem peso e/ou comprimento abaixo da média esperada. A condição pode indicar um atraso no crescimento intrauterino e um risco para o desenvolvimento do bebê.1 

Durante a gestação, muitos fatores biológicos proporcionam o crescimento equilibrado do bebê. O pequeno para idade gestacional costuma ocorrer quando não há um funcionamento adequado desse processo.1 

O risco de mortalidade durante o período neonatal é maior em quem nasce com PIG. Cerca de um terço dos bebês com a condição apresentam um nível baixo de glicose no sangue (hipoglicemia) depois do nascimento. Os bebês com PIG também têm probabilidade maior de hipotermia — quando a temperatura do corpo se encontra abaixo da normal.1 

Embora os cérebros da maioria dos PIGs cresçam de modo normal, áreas importantes como cerebelo, hipocampo e córtex cerebral podem sofrer impacto profundo, prejudicando suas capacidades de memória e atenção. Já aqueles que nascem prematuros possuem risco maior de atraso no desenvolvimento, cognição prejudicada, TDAH e dificuldade de aprendizado.1 

Ainda que países não tenham dados consolidados sobre PIG, estima-se que sua incidência nas Américas varie de 2,3% (nos Estados Unidos) a 12,5% (América Latina). A maioria das crianças nascidas com a condição apresenta recuperação espontânea do crescimento durante os dois primeiros anos de vida. Algumas delas, porém, permanecem com baixa estatura durante a infância, com alto risco de baixa estatura na vida adulta. Para estas, tratamentos hormonais podem ser indicados já na infância.1,2,3 

 

  • Causas e prevenção

O PIG pode ocorrer devido a fatores diferentes como fetais, placentários, maternos e ambientais. Em outras palavras, há várias características clínicas e causas subjacentes que influenciam sua ocorrência. Para entender quais são as mais comuns, é preciso ter em mente que as condições maternas são determinantes para o crescimento fetal. O desenvolvimento do bebê é influenciado pela ingestão de nutrientes, estado de saúde, medicação, hábitos e fatores genéticos (altura, peso e capacidade uterina, por exemplo) da mãe. Caso ocorra um desequilíbrio em um dos motivos citados há um risco maior do bebê desenvolver PIG.1,2 

Um dos fatores mais importantes é a nutrição. Quanto pior for a alimentação materna, maior o risco de crescimento insuficiente do bebê. O risco de PIG também é significativamente maior entre mães com hipertensão crônica, pré-eclâmpsia, hipotireoidismo, infecções crônicas, malária, tabagismo e gravidez múltipla. Muitos desses fatores não podem ser modificados, mas há algumas medidas que podem reduzir as chances de PIG, entre elas:1,3

 

  • Nutrição adequada e com acompanhamento médico.
  • Monitoramento de hipotireoidismo subclínico nas gestantes.
  • Boas condições de higiene e serviços pré-natais.
  • Monitoramento rigoroso da evolução de peso e comprimento do bebê.
  • Tratamento de infecções nas mães.
  • Não fumar nem usar qualquer tipo de droga.

 

Nos últimos anos, estudos apontam que alguns fatores genéticos podem ser determinantes em alguns casos de PIG. Uma consulta ao geneticista pode ser recomendável quando há uma consanguinidade ou não há uma causa específica aparente para o tamanho reduzido do bebê. Em cerca de 40% dos casos o motivo do PIG não é identificado.1,3 

 

  • Principais sinais e sintomas

Bebês pequenos para a idade gestacional podem apresentar, além do peso e/ou do tamanho abaixo da média, um aspecto pálido e uma pele seca e flácida. Já o cordão umbilical costuma ser fino e sem brilho. Essas características, porém, não estão presentes em todos os PIGs. 4

Outros sinais que costumam acompanhar o PIG no nascimento são níveis de oxigênio menores que o normal, baixo teor de açúcar no sangue e dificuldades para respirar e manter a temperatura corporal. A avaliação de todos esses critérios deve ser feita pelo médico.4

 

  • Como é feito o diagnóstico?

Para diagnosticar o PIG, é preciso que o médico use uma antropometria precisa (conjunto das dimensões físicas de uma pessoa, incluindo peso, altura e índice de padrão de crescimento) e compare as medidas do bebê com os gráficos de crescimento tidos como saudáveis.1,3 

O método mais exato para estimar as medidas do bebê é a avaliação ultrassonográfica no início da gravidez. Caso haja um descompasso grande entre o tamanho do feto e a média de crescimento esperada, o médico pode realizar outros exames para confirmar ou não a condição de pequeno para a idade gestacional. Entre os procedimentos de diagnóstico complementares estão a medição do útero, a verificação do ganho de peso da mãe e a checagem do fluxo sanguíneo e da massa corporal do bebê. Se os valores apresentarem déficits em relação à média, pode ser uma indicação de PIG.1,4

As crianças nascidas PIG podem ser subclassificadas devido ao peso (PIG-p), ao comprimento (PIG-c) ou a ambos (PIG-p/c). Elas também podem ser subdivididas de acordo com o período de gravidez em que o crescimento fetal foi comprometido: se ocorre no início da gestação elas são consideradas simétricas; já quando acontece no fim da gravidez, sobretudo durante o terceiro trimestre, elas são chamadas de assimétricas. Os PIG simétricos têm menos peso, comprimento e perímetro cefálico enquanto os PIG assimétricos têm baixo peso, mas comprimento e perímetro cefálico normais.3

 

  • Qual o médico especialista?

O tratamento do PIG é feito pelos pediatras, especialmente os endocrinologistas pediátricos, que cuidam de problemas relacionados com alterações das glândulas endócrinas, entre elas as responsáveis pelo crescimento.1 

O tratamento medicamentoso, caso necessário, deve ser estipulado pelo endocrinologista pediátrico após exames detalhados. Ele também é o responsável por indicar o período do tratamento e as doses necessárias.1

 

  • Tratamentos disponíveis
     

A maioria das crianças com PIG mostra recuperação espontânea do crescimento durante os primeiros dois anos de vida. Cerca de 10 a 15% delas, no entanto, permanecem baixas.3 

Um bom meio de identificar precocemente os PIGs que podem ter altura prejudicada na infância é avaliar a falta de recuperação espontânea nos primeiros quatro meses de vida. Estas possuem maior risco de baixa estatura aos cinco anos de idade.3 

Quando o PIG não apresenta crescimento espontâneo, o tratamento é feito de acordo com a etapa de vida da criança. Nessas fases, é importante que haja um acompanhamento pediátrico. É o pediatra que determina o tipo de tratamento que será realizado.1,3 

É fundamental que, durante o acompanhamento, haja um esforço do pediatra para identificar a causa do PIG. A razão para o crescimento insuficiente pode estar relacionada a anormalidades genéticas e/ou distúrbios da secreção de GH e/ou níveis reduzidos de fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1. Por isso, além das avaliações de rotina, os testes genéticos devem ser considerados.3 

 

  • Convivendo com a doença

Os PIGs podem ter uma vida sem malefícios ocasionados pela condição caso passem por tratamento adequado logo na infância. Para isso, o acompanhamento pediátrico e a avaliação da causa do crescimento insuficiente devem fazer parte do processo.3 

A saúde das mães também tem papel fundamental. Além dos cuidados tomados durante a gestação que podem diminuir as chances de ocorrência de PIG, o aleitamento materno pode ajudar o PIG a ter recuperação do peso e do crescimento nos primeiros meses de vida.1,3 

 

Em casos em que não há o crescimento espontâneo, é fundamental que os pais procurem um pediatra para que este indique o tratamento adequado para cada caso.1,3

Referências Bibliográficas
  1. Hokken-Koelega ACS, van der Steen M, Boguszewski MCS, Cianfarani S, Dahlgren J, Horikawa R, Mericq V, Rapaport R, Alherbish A, Braslavsky D, Charmandari E, Chernausek SD, Cutfield WS, Dauber A, Deeb A, Goedegebuure WJ, Hofman PL, Isganatis E, Jorge AA, Kanaka-Gantenbein C, Kashimada K, Khadilkar V, Luo XP, Mathai S, Nakano Y, Yau M. International Consensus Guideline on Small for Gestational Age: Etiology and Management From Infancy to Early Adulthood. Endocr Rev. 2023 May 8;44(3):539-565. doi: 10.1210/endrev/bnad002. PMID: 36635911; PMCID: PMC10166266.
  2. Boguszewski MC, Mericq V, Bergada I, Damiani D, Belgorosky A, Gunczler P, Ortiz T, Llano M, Domené HM, Calzada-León R, Blanco A, Barrientos M, Procel P, Lanes R, Jaramillo O. Latin American consensus: children born small for gestational age. BMC Pediatr. 2011 Jul 19;11:66. doi: 10.1186/1471-2431-11-66. PMID: 21771322; PMCID: PMC3163535.
  3. Adriane A. Cardoso-Demartini, Margaret C.S. Boguszewski, Cresio A.D. Alves. Postnatal management of growth failure in children born small for gestational age, Jornal de Pediatria, Volume 95, Supplement 1, 2019, Pages 23-29, ISSN 0021-7557, https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.10.015.
  4. Small for Gestational Age. Health Encyclopedia. University of Rochester Medical Center. Disponível em: https://www.urmc.rochester.edu/encyclopedia/content.aspx?ContentTypeID=90&ContentID=P02411 Acesso em: 21/08/2023

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