Baixa Estatura Idiopática
Entenda mais o que é a Baixa Estatura Idiopática, suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamentos e qualidade de vida dos pacientes com a condição
- O que é a Baixa Estatura Idiopática?
A baixa estatura idiopática, também conhecida pela sigla BEI, é responsável pela maioria dos casos de baixa estatura em crianças quando não há evidência de outras causas como distúrbios nutricionais, endócrinos ou sistêmicos.1, 2
Afirmar com certeza se uma criança possui ou não baixa estatura idiopática não é uma tarefa simples devido a vários fatores. Em primeiro lugar, é preciso descartar outras condições e doenças que podem, direta ou indiretamente, afetar o crescimento de uma criança, como artrite idiopática juvenil e doenças inflamatórias intestinais.3
Também é importante levar em conta se, na família, há casos de baixa estatura. Isso porque a BEI pode ser de origem familiar ou não.3, 4
A definição atual da BEI inclui crianças baixas com variantes normais de crescimento e também crianças com condições patológicas que afetam gravemente seu resultado de crescimento. Por causa dessas variações, o manejo da doença deve ser personalizado e orientado de acordo com a individualidade de cada paciente.1
- Causas da baixa estatura idiopática
Normalmente, a estatura que uma criança virá a desenvolver tem relação com fatores genéticos, ou seja, pode ser até 90% hereditária. Por isso, se os pais tiverem baixa estatura, é provável que a criança apresente as mesmas características.1,5
Além disso, alterações em genes específicos, que estão associados aos sistemas regulatórios do crescimento, podem impactar a estatura da criança.1
Pode-se falar em baixa estatura idiopática quando após investigação não encontra-se causa definida para justificá-la.1
- Principais sinais e sintomas
A principal característica que uma criança com essa condição pode apresentar é uma estatura abaixo da média para a idade correspondente para uma determinada idade, sexo e população, sem sinais de outras doenças ou condições associadas. Crianças com baixa estatura idiopática também apresentam uma previsão de permanecerem baixas na vida adulta.3, 4
- Como é feito o diagnóstico
É importante levar o histórico completo da criança. O médico poderá pedir exame físico, avaliação da trajetória de crescimento (comparada com a altura mediana dos pais) e velocidade de crescimento, avaliação da maturação esquelética e, eventualmente, investigações laboratoriais.1
Após excluir outras condições, um grande desafio no cuidado de uma criança com BEI é a decisão de realizar ou não o teste genético. Embora a maioria dos casos não tenha causa específica, há aqueles em que a genética exerce, sim, uma influência.1
- Qual o médico especialista?
A baixa estatura da criança pode ser, inicialmente, analisada por um médico pediatra.2
Em seguida, ele poderá encaminhá-la para um endocrinologista pediátrico, para investigar outras possíveis causas de atraso no crescimento e/ou desenvolvimento puberal, que podem ter relação com questões endócrinas.1, 2
- Tratamentos disponíveis
Existem algumas opções de tratamento para indivíduos com baixa estatura idiopática, com o objetivo de maximizar o potencial de crescimento.1
Não há uma homogeneidade nos resultados do tratamento porque a população com baixa estatura idiopática é heterogênea, e cada um pode responder ao tratamento de forma única.5
É importante reforçar que cada tratamento possui indicações e limitações específicas. Por isso, as diretrizes da Pediatric Endocrine Society, desde 2016, reforçam que a decisão de tratar uma criança com baixa estatura idiopática deve ser avaliada caso a caso, considerando cuidadosamente os aspectos físicos e psicológicos, bem como os riscos e benefícios, devido ao caráter heterogêneo da condição.1
- Qualidade de vida
Crianças com baixa estatura idiopática podem sofrer com o impacto psicológico causado pela condição, especialmente se esta vier acompanhada de atrasos no desenvolvimento durante a infância e a adolescência.4
Não raro, essas crianças podem enfrentar situações de estresse no convívio social, sofrendo provocações relacionadas à altura e sendo infantilizadas. Essas experiências podem ter efeitos negativos em sua auto percepção, ajuste social e comportamento, afetando negativamente a qualidade de vida.4, 6
Por isso, o tratamento da baixa estatura idiopática deve levar em conta não só as possibilidades de crescimento real da criança, mas o fardo psicológico associado à condição e alternativas para a melhora da qualidade de vida.4, 6
Referências Bibliográficas
1 - Inzaghi, Elena et al. “The Challenge of Defining and Investigating the Causes of Idiopathic Short Stature and Finding an Effective Therapy.” Hormone research in paediatrics vol. 92,2 (2019): 71-83. doi:10.1159/000502901. Acesso em: 2 jul. 2023
2 - Hoineff C. Baixa estatura - Revista de Pediatria SOPERJ. 2011;12(supl 1)(1):58-61. Acesso em: 2 jul. 2023
3 - Yuan, Jinghong et al. “A Novel Diagnostic Predictive Model for Idiopathic Short Stature in Children.” Frontiers in endocrinology vol. 12 721812. 17 Sep. 2021, doi:10.3389/fendo.2021.721812. Acesso em: 2 jul. 2023
4 - Ranke, Michael B. “Treatment of children and adolescents with idiopathic short stature.” Nature reviews. Endocrinology vol. 9,6 (2013): 325-34. doi:10.1038/nrendo.2013.71. Acesso em: 2 jul. 2023
5 - Pedicelli, Stefania et al. “Controversies in the definition and treatment of idiopathic short stature (ISS).” Journal of clinical research in pediatric endocrinology vol. 1,3 (2009): 105-15. doi:10.4008/jcrpe.v1i3.53. Acesso em: 2 jul. 2023
6 - Backeljauw, Philippe et al. “Impact of short stature on quality of life: A systematic literature review.” Growth hormone & IGF research : official journal of the Growth Hormone Research Society and the International IGF Research Society vol. 57-58 (2021): 101392. doi:10.1016/j.ghir.2021.101392. Acesso em: 2 jul. 2023
PP-UNP-BRA-2565