Leucemia mieloide aguda
Saiba mais sobre essa doença, incidência, sintomas, fatores de risco, como é feito o diagnóstico e as possibilidades de tratamento.
O que é a leucemia mieloide aguda
A leucemia é um tipo de tumor que afeta a medula óssea, responsável pela produção das células sanguíneas, como os leucócitos, plaquetas e hemácias. As células-tronco são produzidas na medula óssea. Em um organismo saudável, essas células passam por um processo de maturação e diferenciação para dar origem aos componentes do sangue.
Na leucemia mieloide aguda, as células-tronco mieloides, que originam as células sanguíneas (leucócitos, hemácias e plaquetas), sofrem algumas mutações genéticas. Esse processo forma os blastos, que são células que não conseguem amadurecer, e começam a se multiplicar descontroladamente, o que atrapalha o desenvolvimento das células saudáveis. Ou seja, a medula fica cheia de células doentes.
As mutações podem ser genéticas-hereditárias, quando a pessoa já nasce com elas, ou adquiridas durante a vida.
Incidência da leucemia mieloide aguda no Brasil
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta que para cada ano, entre 2020 e 2022, sejam diagnosticados 10.810 novos casos de leucemias no Brasil, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres.
A leucemia mieloide aguda é um dos tipos mais comuns de leucemia em adultos, mas mesmo assim é bem rara: o risco médio de alguém apresentar a doença durante a vida é de aproximadamente 1%.
População mais atingida
A LMA pode atingir adultos ou crianças, mas é rara em pessoas com menos de 45 anos. A média de idade dos pacientes com a doença é de 68 anos.
Mortalidade
Segundo um estudo feito pelo Observatório de Oncologia, em dez anos (2008-2017) o Brasil teve cerca de 63 mil mortes por leucemias, sendo que 36% foram causadas pela LMA.
Fatores de risco da leucemia mieloide aguda
Não se sabe o que causa as mutações genéticas nas células-tronco mieloides que originam a LMA. No entanto, existem fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver a doença, tais como:
Idade: A LMA geralmente afeta pessoas depois dos 60 anos, mas é possível desenvolver a doença em qualquer momento da vida.
Alterações genéticas: Algumas pessoas já nascem com doenças genéticas que estão ligadas ao risco aumentado para a LMA, como Síndrome de Down, Anemia de Fanconi e Síndrome de Bloom.
Doenças do sangue: Quem tem outras doenças do sangue possui mais chances de desenvolver a LMA.
Exposição a produtos químicos perigosos: O tempo exposto a agentes químicos, como o benzeno, pode estar ligado a um risco maior de desenvolver LMA. O benzeno está presente em produtos industriais e na gasolina, por exemplo.
Exposição a altos níveis de radiação: Sobreviventes à bomba nuclear, por exemplo, têm maior probabilidade de desenvolver a LMA.
Tabagismo: Fumar também pode aumentar o risco da doença. O tabaco contém benzeno e outras substâncias cancerígenas.
Tratamentos prévios de câncer: A quimioterapia e a radioterapia podem ser fatores de risco para a leucemia mieloide aguda.
Sinais e sintomas da leucemia mieloide aguda
Quando a medula está cheia de células doentes, o corpo dá sinais de que algo não vai bem, devido à baixa produção de células sanguíneas saudáveis (hemácias, plaquetas e leucócitos). O paciente apresenta anemia, infecções e sangramentos, por exemplo. Os sinais e sintomas da leucemia mieloide aguda estão relacionados a essas manifestações.
Sinais e sintomas relacionados à anemia:
- Fadiga;
- Cansaço;
- Falta de ar durante atividades físicas normais;
- Tonturas ou desmaios;
- Dores de cabeça;
- Palidez.
Sintomas relacionados à baixa de plaquetas
- Hematomas;
- Manchas vermelhas na pele (petéquias);
- Sangramentos.
Sintomas relacionados à baixa de leucócitos
- Infecções frequentes;
- Febre.
Perda de apetite, de peso sem motivo aparente e aumento do baço e do fígado também são comuns em quem tem leucemia mieloide aguda.
Ter um ou mais destes sinais e sintomas não significa, necessariamente, que você desenvolveu LMA. Outras doenças também podem ocasionar os sinais e sintomas relatados. Procure o médico para investigar a causa e indicar o tratamento mais adequado para o seu caso.
O que diferencia a leucemia mieloide aguda das outras leucemias?
As leucemias podem ser crônicas ou agudas, dependendo da velocidade com que a doença se torna grave e a quantidade de células doentes presentes na medula-óssea. Elas também podem ser classificadas pelos tipos de células que atingem: células linfoides ou células mieloides.
Leucemia mieloide aguda (LMA) e Leucemia linfoide aguda (LLA) – ambas são formas agressivas de leucemia e as células doentes se multiplicam rapidamente. A LMA atinge as células mieloides, que dão origem aos leucócitos, plaquetas e hemácias, e é mais comum em adultos. Já a LLA afeta as células linfoides, células responsáveis pelo sistema imunológico, onde são produzidos os anticorpos, e é o tipo de leucemia mais comum em crianças.
Leucemia mieloide aguda (LMA) e leucemias crônicas – enquanto a LMA é uma forma mais agressiva da doença, as leucemias crônicas se agravam mais lentamente e exigem um acompanhamento permanente. No início, as células doentes conseguem fazer o trabalho dos glóbulos brancos saudáveis e os sinais e sintomas surgem gradativamente. Os tipos principais de leucemias crônicas são a leucemia mieloide crônica e a leucemia linfoide crônica.
Diagnóstico da leucemia mieloide aguda
Mesmo que a pessoa tenha sinais e sintomas, o médico só consegue confirmar o diagnóstico da leucemia mieloide aguda após verificar o histórico familiar, fazer o exame físico e analisar os seguintes exames laboratoriais:
- Hemograma completo com diferencial: Uma amostra de uma veia do braço é colhida para analisar o número de células saudáveis e o número de blastos.
- Mielograma: Uma amostra da medula óssea é colhida, para saber o tamanho, o formato, o tipo e a contagem das células. Se a porcentagem de blastos for igual ou maior a 20%, o diagnóstico é de leucemia aguda.
- Imunofenotipagem: Também chamada de citometria de fluxo, é usada para classificar as células conforme o tipo de antígeno, que define a linhagem, ou seja, se são mieloide ou linfoide.
- Testes genéticos: Detectam genes específicos da leucemia, que podem ajudar a definir os tratamentos mais adequados.
- Análise citogenética convencional: É capaz de identificar mutações anormais nos cromossomos das células doentes. Pode ajudar a prever como a LMA responderá ao tratamento;
- Exame FISH (Hibridização Fluorescente in Situ): Capaz de encontrar genes ou cromossomos em células e tecidos. Nos casos de LMA, o FISH detecta determinadas anormalidades nos cromossomos e genes das células doentes;
- Teste molecular por PCR ou NGS: Junto com a análise citogenética, ajuda a definir a partir da avaliação das mutações genéticas a classificação de risco do paciente, que orienta quais as melhores terapias a serem empregadas em determinado caso.
A partir dos resultados dos testes genéticos, o médico poderá classificar o risco do paciente de acordo com o Sistema Europeu de Prognóstico Leukemia Net, que é dividido em favorável, intermediário I, intermediário II e adverso. A classificação depende dos tipos de mutações genéticas envolvidas em cada caso e diz respeito ao prognóstico de cada pessoa, ou seja, como ela responderá aos tratamentos.
Tratamento da leucemia mieloide aguda
A LMA é uma leucemia bastante agressiva e deve ser tratada assim que feito o diagnóstico. Os principais tratamentos disponíveis dependem da idade do paciente e fatores de risco citogenético e molecular. O médico irá definir a melhor abordagem de acordo com a categoria de risco.
Quimioterapia
Geralmente o tratamento da leucemia mieloide aguda começa pela quimioterapia. Medicamentos injetados na veia atacam as células doentes, mas também agem nas células saudáveis. O objetivo é eliminar as células leucêmicas ou interromper a formação de novas células doentes.
A quimioterapia normalmente ocorre em duas fases: indução e consolidação. Entenda o que acontece em cada uma delas:
- Indução – é a fase inicial da quimioterapia. Neste momento, espera-se eliminar completamente a doença e atingir o período de remissão. Isso ocorre quando a pessoa tem menos de 5% de blastos na medula óssea. A quantidade de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas volta ao normal e não há mais sintomas. Como o tratamento elimina a maior parte das células doentes e saudáveis, a pessoa pode ficar internada por algumas semanas para receber o devido suporte médico.
- Consolidação – após o período de indução, a produção de células saudáveis deve voltar ao normal. No entanto, pode haver um número pequeno de células doentes que não alterará o desenvolvimento das células do sangue, mas que podem crescer e gerar uma recaída da leucemia mieloide aguda. Portanto, a consolidação destrói qualquer residual de células doentes no corpo. Se isso não é feito, a doença pode retornar em pouco meses.
Terapias alvo
Uso de medicamentos que atacam especificamente as células doentes e que causa menos danos às células saudáveis. Podem ser empregadas isoladamente ou junto com a quimioterapia.
Transplante de medula óssea
A fase de consolidação, além de ser feita pela quimioterapia, pode ser realizada por meio de um transplante de medula óssea.
É feita uma infusão de células-tronco para repor as células destruídas pela quimioterapia. Estas novas células-tronco “limpam” a medula óssea e permitem a formação de novas células saudáveis. Existem três tipos de transplante de medula óssea:
- Alogênico - quando a medula óssea é de um doador compatível , como irmão ou do banco de doadores, ou parente que seja metade compatível;
- Autólogo - quando a medula é do próprio paciente;
- Singênico - quando a medula é doada por um irmão gêmeo.
A LMA é uma doença heterogênea e cada pessoa responde ao tratamento de uma forma
Somente o médico é capaz de indicar o tratamento mais adequado para cada caso, assim como administrar os efeitos colaterais causados.
As taxas de remissão na fase inicial da quimioterapia (indução) são de 50% a 85%. Após concluir o tratamento, a pessoa pode viver muito bem durante anos, fazendo o acompanhamento necessário para monitorar o possível retorno da doença (recidiva).
Referência Bibliográfica
- Manual de LMA. Disponível em https://www.abrale.org.br/wp-content/uploads/2020/11/Manual-de-LMA.pdf. Acesso em 09/08/2023.
- Diagnóstico. Leucemia Mieloide Aguda. Abrale. Disponível em https://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/lma/diagnostico/ . Acesso em 09/08/2023.
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- TENDÊNCIAS DA MORTALIDADE POR LEUCEMIA NO BRASIL. Observatório de Oncologia. Disponível em https://observatoriodeoncologia.com.br/mortalidade_leucemias/. Acesso em 09/08/2023.
PP-UNP-BRA-2741 - Agosto/2023