Artrite Idiopática Juvenil

• O que é a Artrite Idiopática Juvenil?

A Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) é uma doença crônica que causa inflamação nas articulações e órgãos como pele, olhos e coração de crianças e adolescentes com idade inferior a 17 anos. No Brasil, a incidência da doença é desconhecida, mas em países da América do Norte e Europa estima-se que de 0,1 a 1 em cada 1 mil crianças tenham AIJ.¹

Também conhecida como Artrite Reumatoide Juvenil, a condição é caracterizada por dor, inchaço, rigidez e aumento de temperatura de uma ou mais articulações, sendo que em algumas crianças a dor pode ser mínima ou inexistente.^1,2

Há diferentes tipos de Artrite Idiopática Juvenil. Os três mais comuns são:¹ 

• Pauciarticular (ou olioarticular) afeta até 4 articulações, especialmente joelhos e tornozelos.¹
• Poliarticular envolve a partir de 5 articulações, sendo mais frequentes joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos e pequenas articulações das mãos e dos pés. O Fator Reumatoide está presente no exame laboratorial de cerca de 10% dos pacientes, podendo haver também febre intermitente.¹
• Sistêmico é tipo menos comum, afetando uma ou mais articulações. É caracterizado por febre alta em um ou dois picos diários (39ºC) e erupção na pele. Pode causar inflamação de órgãos internos, incluindo coração, fígado, baço e gânglios.^1,3

• Causas e prevenção

Idiopática significa algo que surge espontaneamente, sem que a sua origem seja conhecida. No caso da Artrite Idiopática Juvenil, sabe-se que diversos fatores podem estar envolvidos — genéticos, infecciosos e ambientais —, mas a causa exata da AIJ ainda é desconhecida. Há estudos recentes que apontam que entre os desencadeantes da doença estão desde a tendência familiar até fatores externos, como algumas infecções virais e bacterianas, estresse emocional e traumatismos articulares.^1,3,4

A Artrite Idiopática Juvenil também é considerada uma condição autoimune. Isso significa que o sistema de defesa do corpo, que deveria lutar contra vírus e germes, fica confuso e passa a atacar células e tecidos saudáveis do corpo, levando ao processo inflamatório.^3,4

Por essas razões, não existe uma prevenção conhecida para a AIJ. É importante saber que esta não é uma doença infecto-contagiosa e por isso os pacientes podem interagir normalmente com outras pessoas.^1,5

• Principais sinais e sintomas

Os sintomas da Artrite Idiopática Juvenil podem aparecer em episódios, também chamados de surto, ou de maneira crônica. Eles podem variar de acordo com a criança e também com o tipo de AIJ. Entre os mais frequentes estão:³

• Articulações inchadas, rígidas e doloridas nos joelhos, mãos, pés, tornozelos, ombros, cotovelos ou outras articulações, geralmente pela manhã ou após uma soneca³
• Inflamação nos olhos³
• Calor e vermelhidão em uma articulação³
• Capacidade reduzida de usar uma ou mais articulações³
• Fadiga³
• Diminuição do apetite, baixo ganho de peso e crescimento lento³
• Febre alta e erupção cutânea (na AIJ sistêmica)³
• Gânglios linfáticos inchados (na AIJ sistêmica)³
• Dor lombar persistente⁵
• Ocorrências no corpo todo, como pele pálida, gânglio linfático inchado e aparência doente⁵

Como muitos destes sintomas podem estar associados a outras doenças, é essencial buscar orientação do pediatra para obter o diagnóstico correto, inclusive porque muitas formas de AIJ são mais comuns em meninas do que em meninos.^3,6

É possível, também, que os sintomas apareçam de forma cíclica, alternando surtos por algumas semanas ou meses e períodos de remissão. Há casos em que as crianças têm apenas um ou dois surtos da AIJ, sem novas ocorrências ao longo da vida, enquanto em outras os sintomas nunca somem completamente.⁴

• Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da Artrite Idiopática Juvenil pode ser um pouco complicado, considerando que seus  sinais e sintomas costumam estar associados a diversas doenças. É necessário realizar uma série de exames para excluir outras condições caso a criança ou adolescente apresente dores, inchaço ou rigidez nas articulações durante pelo menos seis semanas.^7,8

O primeiro passo é a avaliação clínica na qual o médico fará perguntas sobre sintomas e histórico familiar. No exame físico ele verificará as articulações e pele do paciente, sua mobilidade, assim como a presença de inchaço ou sensibilidade nos gânglios linfáticos e abdômen.⁸

O médico também poderá solicitar exames de sangue e imagem, entre eles:⁸

• Taxa de sedimentação de eritrócitos e proteína C-reativa, para medir inflamações
• Anticorpos para fator reumatoide e peptídeo citrulinado anticíclico
• Anticorpo antinuclear, que indica maior risco de inflamações nos olhos
• HLA-B27, gene que é um fator de risco associado à Artrite Idiopática Juvenil
• Hemograma completo
• Raio-x, ultrassom e ressonância magnética

Além disso, é possível que o reumatologista solicite exames de urina, para verificar o funcionamento dos rins, artrocentese, que consiste em retirar uma pequena amostra de líquido de uma articulação para verificar a presença de cristais, vírus e bactérias, e um exame completo dos olhos feitos por um oftalmologista.³

• Qual o médico especialista?

O pediatra é o médico que inicia o processo de determinação das possíveis causas dos sintomas, uma vez que eles podem estar associados a outras doenças. Uma vez que elas sejam descartadas, o paciente será encaminhado ao reumatologista, que é a especialidade focada no tratamento da artrite.²

O reumatologista pediátrico é o profissional especializado no tratamento da artrite e outras doenças em crianças que envolvam as articulações, ossos, músculos e sistema imunológico.⁸

• Tratamentos disponíveis

O tratamento da Artrite Idiopática Juvenil é de longa duração. Para que seja eficaz, é preciso que médico, paciente e familiares desenvolvam uma boa relação, para a total adesão. Além do reumatologista pediátrico, os cuidados também podem envolver um fisioterapeuta e psicólogo.¹

Cada tipo de AIJ exigirá uma terapêutica específica, que irá variar de acordo com as necessidades individuais de cada paciente e as manifestações clínicas da doença. O foco principal está em ajudar a criança ou adolescente a manter um nível normal de atividade física e social, aliviar a dor e o inchaço, manter força e movimento intactos e prevenir complicações.^1-7

Crianças e adolescentes com Artrite Idiopática Juvenil devem se manter ativos, como forma de fortalecer e preservar a mobilidade das articulações e músculos. Caminhadas, ciclismo e natação podem ser boas opções e o paciente deve aprender a se aquecer antes do exercício. Tudo isso, entretanto, deve ser feito com orientação do médico ou do fisioterapeuta.^5-8

Quanto mais precoce for o início do tratamento, menores as chances de comprometimento da cartilagem articular que leva a deformidades e limitações físicas irreversíveis.¹

• Vivendo com a doença

A Artrite Idiopática Juvenil é uma condição que afeta não só o paciente diagnosticado, mas todos os membros da família, uma vez que todos terão de aprender a conviver com os desafios impostos pela doença. Isso pode incluir limitações em atividades sociais e escolares, principalmente aquelas que podem exigir maior esforço físico. Educar-se o máximo possível sobre a AIJ e buscar apoio psicológico é determinante.^1,8

Dar às crianças um papel de responsabilidade em seus cuidados com a saúde de acordo com sua faixa etária pode ser uma forma de incentivá-las a aderirem ao tratamento. Mesmo crianças em idade pré-escolar devem escutar as conversas com o médico e entenderem a importância de tomar o medicamento.⁹

A principal orientação é tratar a criança ou adolescente da forma mais normal possível, privilegiando atividades que melhorem suas habilidades funcionais e mantenham sua perspectiva positiva. Criar uma rede de apoio, informando professores e familiares, buscar alternativas que ajudem a criança a lidar com o estresse e equilibrar exercício e descanso são essenciais para a qualidade de vida do paciente com Artrite Idiopática Juvenil.

PP-UNP-BRA-2567 - Agosto/2023