O que são distúrbios do sono?

Os distúrbios do sono são condições que prejudicam a maneira como dormimos. Se persistentes, eles podem trazer muitos impactos negativos na saúde e na qualidade de vida das pessoas envolvidas.¹ 

Cansaço, irritação, falta de atenção e queda de rendimento são algumas das queixas mais comuns entre quem sofre de distúrbios do sono. Além de causarem danos na rotina, esses sintomas, caso não sejam tratados adequadamente, podem elevar os riscos de depressão e doenças cardiovasculares.²

Entre os distúrbios do sono mais corriqueiros estão a insônia, apneia, síndrome das pernas inquietas, sonambulismo, bruxismo, narcolepsia e paralisia do sono. Eles podem aparecer em qualquer fase da vida, afetando crianças e adultos, ainda que de formas distintas. Na infância são comuns distúrbios relacionados a problemas respiratórios e parassonias, como enurese noturna (xixi na cama), sonambulismo e terror noturno.³

Em todos os casos, um especialista em sono deve ser consultado para diferenciar eventos pontuais daqueles mais recorrentes. O tratamento é fundamental, já que boas horas de sono são essenciais para uma vida harmônica e saudável. ³ 

Conheça os distúrbios do sono mais comuns: 

1. Insônia

Um dos distúrbios do sono mais comuns, a insônia se caracteriza pela dificuldade de iniciar e/ou manter o sono, despertar precocemente ou dormir de maneira que a sensação de reparação não é atingida.²

Ela é mais dependente do contexto de vida das pessoas. Fatores como ansiedade, estresse, depressão e maus hábitos de sono são alguns dos mais comuns. Além deles, a ingestão de bebidas alcoólicas e estimulantes, horários desregrados, problemas familiares, econômicos e profissionais também podem impactar negativamente na dificuldade de iniciar ou manter o sono. Em alguns casos, o distúrbio pode estar relacionado a condições orgânicas como alterações na respiração e problemas na tireóide.²  

Tratamento: um diagnóstico correto sobre o distúrbio e um estudo por parte do médico para descobrir a causa são essenciais. A partir daí, as medidas comportamentais e medicamentosas são indicadas especificamente para cada caso. Um estudo feito por pesquisadores do Departamento de Neurologia do Brigham and Women's Hospital, de Boston, nos Estados Unidos, mostrou que a terapia cognitivo-comportamental pode trazer muitos benefícios.^2,4

1. Apneia

Também bastante comum, a apneia é caracterizada pela diminuição ou interrupção da respiração por, no mínimo, dez segundos. Por causa dessas alterações respiratórias, o sono fica mais fragmentado com muitos despertares, que podem ser conscientes ou inconscientes.²

Na apneia do sono, o ronco é um dos principais sintomas. Em muitas situações, a doença faz a pessoa acordar com uma sensação de sufocamento ou desconforto e dores no peito. Ao acordar, a pessoa se sente cansada, sonolenta, às vezes com a boca seca e pode apresentar queda do rendimento. Em alguns casos, pode levar à impotência sexual nos homens e à dificuldade de engravidar nas mulheres.^2,3

A condição pode atingir pessoas de qualquer idade, mas é mais comum entre homens de meia idade, pessoas acima do peso e mulheres após a menopausa. A causa pode ser genética, mas também por amígdalas aumentadas (mais comum em crianças) ou ainda pelo estreitamento das vias respiratórias.²

Tratamento: O tratamento para apneia pode incluir cirurgias, uso da Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas, aparelho que injeta, com pressão, ar comprimido no nariz para desobstruir a faringe de forma mecânica, uso de aparelho dentário, emagrecimento e medicamento.²

1. Síndrome das pernas inquietas 

A síndrome das pernas inquietas (SPI) pode afetar 15% dos adultos e é caracterizada por uma sensação de desconforto e vontade irresistível de mover os membros inferiores.⁴ 

A principal característica da síndrome das pernas inquietas é o seu agravamento à tarde e à noite, o que faz com que a pessoa tenha mais dificuldade para pegar no sono, uma vez que fica se levantando e andando de um lado para o outro.⁴ 

Entre as causas estão o histórico familiar e a idade. Pode acontecer mais com mulheres e ter relação com doenças sistêmicas, como a insuficiência renal crônica, o diabetes ou deficiência de ferro.⁵
 

Tratamento: O tratamento para pernas inquietas se dá por medicação. No entanto, o tratamento não medicamentoso também é muito importante. A melhora dos hábitos de vida, como a redução da cafeína, a retirada dos medicamentos causadores da SPI, a reposição de ferro e as atividades físicas regulares podem ajudar no controle do distúrbio.​⁵

1. Sonolência excessiva

A sonolência excessiva diurna (SED), ou hipersonia, é definida como a incapacidade da pessoa se manter acordada e alerta durante o dia, resultando em sonolência e lapsos de sono não intencionais.⁶

O indivíduo pode apresentar sonolência leve, como uma distração, até quadros graves e com riscos, quando ocorre sono intenso, com perda de memória. Pessoas com SED têm mais propensão a acidentes no trabalho e no trânsito.⁶

Entre as causas da hipersonia podem estar problemas como depressão ou ansiedade, alguns medicamentos, alterações hormonais, abuso de álcool ou drogas, tumores ou lesões cerebrais.⁷

Tratamento: Os cochilos programados durante o dia e a atividade física podem ajudar a aumentar a atenção durante o dia. Terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ajudar pacientes e famílias a aprenderem habilidades para melhorar os hábitos do sono e lidar com os efeitos da hipersonia.⁷

1. Sonambulismo

O sonambulismo é um distúrbio de comportamento que acontece durante o sono quando, por uma alteração no funcionamento do cérebro, o indivíduo consegue realizar atividades motoras como caminhar, comer e falar enquanto está dormindo. Esse é um fenômeno relativamente comum especialmente entre as crianças, mas pode persistir na vida adulta.⁸

O processo do despertar depende de um mecanismo neurológico complexo que acontece em vários níveis. O sonambulismo é um desajuste entre esses níveis de despertar que faz com que a pessoa não tenha consciência de que está acordada.⁸

As causas do sonambulismo ainda não são bem explicadas. Nas crianças, acredita-se que ele ocorra como parte do processo de maturação do cérebro. Já nos adultos, os episódios de sonambulismo podem ser desencadeados por hábitos e situações ou doenças específicas, como privação de sono, pesadelos, estresse, trauma craniano, febre, ingestão de álcool e depressão.⁸

Tratamento: O tratamento só se torna necessário quando os episódios são frequentes, causem riscos ou constrangimento para o paciente. Bons hábitos de higiene do sono, como cultivar um horário fixo para deitar e levantar, ingerir refeições leves antes de dormir e ter um ambiente adequado para o descanso, podem ajudar a diminuir os episódios. Quando as medidas não medicamentosas não são suficientes, o médico pode avaliar o benefício de recorrer aos medicamentos que combatem os estados de tensão e ansiedade.⁸ 

1. Bruxismo

O bruxismo acontece quando a pessoa aperta ou range os dentes durante o sono, mas isso também pode acontecer durante o dia. O ato pode causar complicações como alterações dentárias, dores de cabeça constantes, além de estalos e dores na mandíbula.⁹

As causas são desconhecidas, mas podem estar associadas ao estresse, ansiedade, algumas condições neurológicas ou como efeito secundário a algumas drogas. Outros fatores que predispõem ao bruxismo é histórico familiar, disfunções na mandíbula, depressão e tabagismo.⁹

Tratamento: Placa estabilizadora em acrílico é o mais usual. Fármacos em alguns casos são utilizados, assim como o manejo do estresse.⁹ 

1. Narcolepsia

A narcolepsia se caracteriza por um quadro de muita sonolência diurna, levando o indivíduo a adormecer em momentos inapropriados.¹⁰

De acordo com a Associação Brasileira do Sono, estima-se que 1 a cada 2 mil pessoas vivam com narcolepsia, podendo afetar homens e mulheres na mesma proporção.¹⁰

Como a sonolência é um sintoma muito comum, o diagnóstico pode demorar a vir, o que pode colocar o paciente em situações perigosas ou constrangedoras. Com o passar dos anos, os efeitos da má qualidade de sono podem causar danos ao funcionamento psicológico e cognitivo.¹⁰

O apoio de conhecidos sobre a doença - família, amigos, empregador, professores - pode ajudar a lidar com a condição.¹⁰

Tratamento: A narcolepsia é uma condição crônica ainda sem cura. No entanto, medicações e mudanças de estilo de vida ajudam a gerenciar os sintomas. Medicações estimulantes podem ser prescritas para ajudar na melhora da vigília. Além disso, os pacientes devem ter boa higiene do sono, com horários regulares para dormir e acordar. Cochilos diurnos programados podem ser necessários (cerca de 20 minutos cada), além de exercícios físicos regulares.¹⁰

1. Paralisia do sono 

A paralisia do sono é uma impossibilidade temporária de se mexer ou falar na transição entre o sono e a vigília. Trata-se de um estado de desconexão temporária de funções motoras, perceptivas, emocionais ou cognitivas. Com isso, quem está quase dormindo ou acordando, de repente, não consegue realizar movimentos voluntários, falar ou gritar. Mas, sente um aperto no peito e pode ter alucinações.¹¹

Pessoas que experimentam episódios frequentes de paralisia do sono podem entrar em estado persistente de ansiedade e medo do sono, com alguns efeitos, como diminuição da qualidade de sono, insônia, cansaço, falta de concentração e memória e queda no rendimento profissional ou escolar.¹¹

Embora a paralisia do sono seja um fenômeno relativamente comum, as causas ainda não são claras. De acordo com uma revisão sistemática desses estudos, publicada em 2018 por pesquisadores britânicos, o transtorno de estresse pós-traumático parece ser o fator de risco mais comum para a paralisia do sono, seguida do transtorno do pânico. Mas, a paralisia do sono também é sintoma comum da narcolepsia.¹¹

Tratamento: O primeiro passo para começar o tratamento da paralisia do sono é melhorar os hábitos noturnos. No entanto, em casos mais graves, é indicado que o paciente procure um especialista. Em casos de estresse, depressão e ansiedade como causadores do transtorno, a recomendação é consultar um profissional de saúde mental.¹²

 

PP-UNP-BRA-3304/Novembro/2023